Lançado em 2004 pela Ejea / Itália
Guinga & Gabriele Mirabassi—Graffiando Vento
(Ejea / Itália) 2004 SCA 107
FAIXAS DO DISCO:
Choro pro Zé (Guinga/Aldir Blanc)
Picotado (Guinga)
Valsa pra Leila (Guinga/Aldir Blanc)
Vô Alfredo (Guinga/Aldir Blanc)
Rasgando Seda (Guinga/Simone Guimarães)
Baião de Lacan (Guinga/Aldir Blanc)
Exasperada (Guinga/Aldir Blanc)
Por Trás de Brás de Pina (Guinga)
Cine Baronesa (Guinga/Aldir Blanc)
Canibaile (Guinga/Aldir Blanc)
Constance (Guinga)
Par Constante (Guinga)
OUTROS TEXTOS DO ENCARTE DO DISCO:
Gabriele Mirabassi (clarinet) & Guinga
Recorded in Perugia between 29 September and 1 October, 2003.
Texto de Gabrielle Mirabassi publicado no encarte do disco "Graffiando Vento" (trad. Selma Hernandes)
A minha relação com a música brasileira começou com uma paixão juvenil por Egberto Gismonti, que me tocou particularmente através da sua música caracterizada pela ausência de ruptura entre o registro popular e o culto (até porque essa é a peculiaridade da cultura sul-americana da segunda metade do século, basta pensar em Garcia Marquez, Amado e Galeano).
Naquela época estava literalmente imerso na cena da música contemporânea culta européia e cruzar aquela via tropical com a música de câmara e com a complexidade estrutural da nova música, representou para mim um verdadeiro choque.
Neste contexto vivi o primeiro trabalho que fiz com um brasileiro, o disco "Velho Retrato" em duo com o grande violonista clássico (mas contemporaneamente brasileiríssimo) Sergio Assad. Além disso, foi através desse trabalho que Guinga me conheceu e que eu definitivamente contraí a paixão pelo Brasil musical.
Alguns anos depois, fiz uma releitura do choro de Pixinguinha, que eu havia descoberto através de Assad, em um disco chamado "Um a zero". Com Guinga, essa trajetória alcançou a sua meta. Falando com ele, tive a confirmação de que aquele continente musical se baseia precisamente nesse pressuposto.
Guinga atribui a definição de uma poética musical especificamente brasileira à obra de três autores: Villa-Lobos, Pixinguinha e Jobim. Eis que as categorias culto/popular desaparecem e se fundem no adjetivo "brasileiro".
E esta é também a chave verdadeira (na minha modesta opinião) para a compreensão da música do Mestre Guinga.
Texto de Leila Pinheiro publicado no encarte do disco "Graffiando Vento"
Quando dois gênios se encontram pra tocar, a gente apura os ouvidos, e escancara a alma para ouvi-los. Este disco é uma maravilha! Eu nunca tinha ouvido Gabriele tocar e fiquei sem ar ao ouvi-lo aqui, ainda mais tocando as músicas do Guinga! Não vejo a hora de encontrá-lo e cantar com ele tocando. Parabéns, Gabriele e Guinga!
Texto de Aldir Blanc publicado no encarte do disco "Graffiando Vento"
Fico muito feliz de ter sido convocado pelo Guinga, em 2004, para dizer algumas breves palavras - se elas não fossem breves, eu não seria letrista. Escrevi, em 1998, que Guinga era o sucessor, legitimamente popular, de Heitor Villa-Lobos. Parte da atenta crítica brasileira levou quinze anos para concordar comigo. O disco "Graffiando Vento", com solos de Gabriele Mirabassi, num desses raros momentos em que a gente pode acreditar em compreensão cultural, reforça meu argumento primeiro.
Texto de João Bosco publicado no encarte do disco "Graffiando Vento" (voltar)
A música que vem de Guinga é uma das belezas do Brasil, como são os detalhes em pedra, em mata, em areia e sal, em sereno, em mulher e cerveja, em azul e estrelas e em cidades de sol que compõem nossa paisagem.
Um violão inconfundível por seu idioma poético falado, cantado e chorado em brasileiro. O compositor e o executante: ambos admiráveis. Os movimentos que surgem nesse CD nos remetem ao espaço onde somente o mágico entendimento compartilhado interessa.
Esse oportuno e maravilhoso encontro de Guinga com o clarinetista italiano Mirabassi ordena uma audição ininterrupta desse CD, involuntária mesmo, como as batidas dos nossos corações.